segunda-feira, 15 de março de 2010

Confessional I

Nasci em São Paulo. Mas naturalizei-me no Ceará. Sou escritor, mais por teimosia do que por convicção estética. Pertenço a uma geração ressaqueada. Estamos, pois, em uma geração sem Pai. Deus está morto, e não há mais Marx, Freud, Marcuse, revolução de 1917, maio de 68. Édipo é realmente uma histeria da história. Che Guevara só existe como estampa de camisa para ser usada com All Star. Fidel renunciou. O PT é realmente só um partido político. Arrisco-me às pretensões filosóficas. Admiro a intempestividade e o nomadismo de Gilles Deleuze. Desconfio do racionalismo de Habermas. Entretanto, desejo uma ética do discurso. Desejo, também, entender a ontologia do presente e o imaginário pós-moderno. Gosto dos Concretistas e de Ferreira Gullar e do Leminski. Ainda leio Fernando Pessoa, Drummond, Rilke e Rimbaud.Guimarães Rosa e Manuel de Barros vivem o futuro da literatura. A semiótica nunca abarcou Jorge Luis Borges e Humberto Eco. Aprecio Cézanne e Van Gogh, e cultivo uma resoluta admiração por Klee, Pollock, Francis Bacon, Modigliani. Warhol mudou toda a concepção moderna de arte; e o Neo-Expressionismo de Baselitz e Basquiat mudaram a minha. Acredito, como Nietzsche, que a vida só se justifica como fenomeno estético. No mais, só há duas grandes pretenções em meu espírito:Conseguir ser aquilo que sou e jamais conseguir ser só aquilo que sou...

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