Um dia quando a morte me vier, eu penso:
Quero estar puro e inexorável como alguém que espera
Exausto o retorno da amada desfalecida, alheia
Dos gestos e das sombras em cujos rastros nada há
Senão a lição do fim.
Ou como a orfandade livre de uma criança desesperada
Certa do acaso e do nada.
Mas quando Ela vier repousar eterna
sobre minha carne efêmera
Quero estar lívido e inefável
Com o último gesto ensaiado na simetria obscura
De minha sombra desolada
O último verso inacabado
O banho tomado e as mãos na espera
O último sulco e o peso dos gestos no lençol
A roupa e as mágoas limpas
Com a vela e a esperança acesa
Para o adeus absoluto desta morte insepultável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário